O pessoal não gosta muito de fazer triângulos porque a diferença entre completar o objectivo, obter um resultado porreiro, e ficar com um voo de distância livre de 0.5km, quando já se voou 3 horas e fez muitos kms, é muito pequena! Pessoalmente acho o desafio muito interessante porque há logo no início do voo um momento fulcral, que é quando se toma a decisão de tentar fazer o triângulo, nesse momento há dois factores fundamentais, estamos a prescindir da tentativa de fazer um bom voo xc em distância livre e estamos a apostar numa condição meteorológica que deverá, se tudo bater certo, permitir realizar a tarefa. Entroncando nesta decisão está a importância da primeira perna do triângulo, esta é decisiva porque se a fazemos curta demais limitamos automaticamente a amplitude de todo o triângulo e se a fazemos longa demais podemos comprometer o completar das outras duas porque fomos além daquilo que o dia nos podia dar! Quando tudo isto bate certo é um voo espectacular, no caso dos últimos dois foi isso mesmo que aconteceu : em Mondim comecei com SW na 1ª perna a virar para W na 2ª e já com WNW na última, isto estava tudo mas prevs, que não falharam, o segredo é adaptar o timing de voo às condições de desenvolvimento do dia. Em Mirandela o segredo foi escolher as pernas em função daquilo que poderiam ser as zonas de aparecimento de cúmulos que estavam inicialmente a oeste da descolagem oeste mas que acabaram sobre Mirandela e mais além para NE. Ainda assim fiz cerca de 40% do voo em térmica azul para completar a tarefa porque se estivesse a voar sem objectivo concreto no final da tarde tinha dado para ir a Mirandela e regressar, aterrar em Vila Flor, ou fazer 50kms para NE. Mais cedo talvez tivesse dado para chegar a Chaves e seguir para leste onde também apareceram cúmulos. As triangulações têm outra particularidade, relacionada com os timings do dia como referi acima, nem sempre a velocidade é o factor dominante, porque tirando a perna que se faz contra-vento, conta mais essa adaptação ao desenvolvimento do dia, pois ultrapassá-lo pode significar que chegámos cedo demais áquele local em concreto... e isto raramente ocorre em distância livre!
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O pessoal não gosta muito de fazer triângulos porque a diferença entre completar o objectivo, obter um resultado porreiro, e ficar com um voo de distância livre de 0.5km, quando já se voou 3 horas e fez muitos kms, é muito pequena! Pessoalmente acho o desafio muito interessante porque há logo no início do voo um momento fulcral, que é quando se toma a decisão de tentar fazer o triângulo, nesse momento há dois factores fundamentais, estamos a prescindir da tentativa de fazer um bom voo xc em distância livre e estamos a apostar numa condição meteorológica que deverá, se tudo bater certo, permitir realizar a tarefa. Entroncando nesta decisão está a importância da primeira perna do triângulo, esta é decisiva porque se a fazemos curta demais limitamos automaticamente a amplitude de todo o triângulo e se a fazemos longa demais podemos comprometer o completar das outras duas porque fomos além daquilo que o dia nos podia dar! Quando tudo isto bate certo é um voo espectacular, no caso dos últimos dois foi isso mesmo que aconteceu : em Mondim comecei com SW na 1ª perna a virar para W na 2ª e já com WNW na última, isto estava tudo mas prevs, que não falharam, o segredo é adaptar o timing de voo às condições de desenvolvimento do dia. Em Mirandela o segredo foi escolher as pernas em função daquilo que poderiam ser as zonas de aparecimento de cúmulos que estavam inicialmente a oeste da descolagem oeste mas que acabaram sobre Mirandela e mais além para NE. Ainda assim fiz cerca de 40% do voo em térmica azul para completar a tarefa porque se estivesse a voar sem objectivo concreto no final da tarde tinha dado para ir a Mirandela e regressar, aterrar em Vila Flor, ou fazer 50kms para NE. Mais cedo talvez tivesse dado para chegar a Chaves e seguir para leste onde também apareceram cúmulos. As triangulações têm outra particularidade, relacionada com os timings do dia como referi acima, nem sempre a velocidade é o factor dominante, porque tirando a perna que se faz contra-vento, conta mais essa adaptação ao desenvolvimento do dia, pois ultrapassá-lo pode significar que chegámos cedo demais áquele local em concreto... e isto raramente ocorre em distância livre!