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Grande Voaço. Muitos Parabéns!

O próximo record tem que ser os 300 smiley

 

Grande Abraço,

PF

PortugalPaulo Frade @ 2017-07-05 10:53:30 GMT Linguagem Traduzir   
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Parabens Homonimo!

Estou para aqui cheio de admiração porque nem dá para ter inveja (mesmo da boa) de um voo assim.

Confessa, acabou-se-te o Portugal antes de chegares aos 300 :-)

É evidente que agora é só uma questão de tempo

Abraço

Ricardo

 

Guest: RicardoLouro @ 2017-07-05 12:49:57 GMT Linguagem Traduzir   
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Começo por dizer, para que fique registado, que FIZ BATOTA ! Voei na rígida... Mas "prontos", 285 já são muitos quilómetros, lá isso é verdade.

Cheguei para férias grandes em Portugal, depois de dez meses na Escócia sem voar, na noite de 16 de Junho. Nos primeiros 10 dias de férias fui tentar voar em 5, o primeiro dos quais logo no dia seguinte, 17, dia em que fui com o Paulo Frade voar a partir da Gardunha: ele fez 270km e atravessou Portugal até Sul de Grândola, batendo o meu recorde anterior de distância por meia dúzia de quilómetros; eu não voei por me faltar um dos tips de carbono, que devo ter perdido quando, há quase um ano, fiz o último voo do verão até San Blas, 30km a NE de Bragança... Só voei no último desses cinco dias, 70 quilometritos a partir da Azinha, também com o PF.

Andava ressacadíssimo. Mas a Vera já cá estava e desde há alguns dias que a previsão do XCSkies mostrava que aquela terça-feira 4 de Julho ia ser ventosa mas com boa térmica. A indicação era de que o vento estaria de Sul em CV, à volta de 20km/h até às 13:00, com o tecto que nem chegava aos 1800m, aumentando a partir dessa hora. Ao longo da rota só haveria nuvens já bem dentro de Espanha, com tectos até acima dos 3500m.

Dois dias antes mandei uma mensagem para o Timba Calhau: "Amigos, a previsão para terça-feira dia 4 parece mostrar uma condição boa para um voo longo, de CV para NNE (Burgos ?…). Tenho recolha e lugar para mais um voador e asa. Alguém ?"

Não, ninguém. De respostas, apenas uma oferta de recolha e incentivos.

O Fuzo quis juntar-se-nos, que "a Vera não sabia nada de recolhas e que eu ainda não sabia montar a asa" e às 07:30 desse dia estava lá em casa. Arrancámos os três, ele ao volante, com um céu completamente tapado de nuvens baixas.

Só a partir da A23 o céu limpou e vento permanecia nulo. Às 10:45 estávamos na descolagem em CV: vento fraco e variável do quadrante Sul, sem nuvens, a "nova" alcatifa da AVLS aos montes, toda enrolada pelo vento.

Montámos com calma. Eu a fazer pela vida, como convém; o Professor Doutor Fuzo a ensinar-me, e à Vera, respectivamente, como montar a ATOS e como fazer recolhas competentes. Sei agora, retrospectivamente e de acordo com fonte fidedigna que presenciou a cena, que à Vera foram até dadas instruções específicas e especializadas de como namorar um asa deltista, aula que eu, aliás, muito agradeço...

Enquanto montávamos a Vera ia documentando fotograficamente as cenas, para se certificar de que quando for com ela faz tudo bem feito.

Tinha pensado descolar às 13:30 e eram apenas 12:00. Os ciclos ainda não tinham começado e os raros pássaros ainda não ensaiavam térmicas.

Enquanto conversávamos e comíamos chegaram seis parapentistas, entre os quais o Eduardo Lagoa, o Pedro Lacerda e a Andreia, que na véspera tinha feito 184km (!). Entretanto entrou um primeiro ciclo bom e longo e rapidadamente a velocidade do vento aumentou para permitir fazer voo dinâmico.

Resolvi deixar descolar os parapentes para que me marcassem as ainda poucas térmicas do dia e o primeiro, o Alfaia, descolou às 13:30; dos seis, três merrecaram e pouco depois só ficou o Pedro Lacerda por descolar. Às 14:00 a condição afrouxou de novo e não conseguimos descolar. Só vinte minutos depois voltou a haver actividade, que o Pedro aproveitou para descolar, comigo logo a seguir, às 14:25: a melhor descolagem de sempre, com apenas um passo até a asa começar a voar, mais três para garantir e sair a direito, para a frente e para cima. Virei para o cabeço da direita, para aproveitar a ladeira, fui subindo pouco, virei de novo para a descolagem e pimba, directo, bati numa térmica e comecei a subir por ali acima, devagar e irregular mas consistentemente.

O Pedro Lacerda estava duzentos metros acima, na mesma térmica, que derivava pouco para Norte.

Rapidamente o apanhei e aos 1700m fomos embora para trás, ele pela esquerda eu pela direita. Não víamos mais ninguém no céu apesar do Fuzo me dizer pelo rádio que o Eduardo já ia mais à frente.

Rapidamente deixei de ver o Pedro Lacerda. E rapidamente desci a 1000m (altitudes sempre ASL) e fiquei a enrolar um zerinho por cima de uma paisagem longa de árvores, sem aterragens. O zerinho desenvolveu-se e levou-me a 1800m mesmo por cima da fronteira, com espaço suficiente para garantir as próximas aterragens a Norte.

A térmica seguinte, já em Espanha, levou-me a 2400m, a depois dessa a 2800... A deriva estava para entre N e NNE e nas camadas mais elevadas o Flymaster mostrava por vezes 30km/h de velocidade de vento. A velocidade GPS na transição era entre 80 e 90km/h. Infelizmente não tinha a TAS sincronizada pelo que não sei a velocidade ar, mas devia ser entre os 60 e os 70km/h em transição.

Quanto à rígida, que desta vez não conheceu nenhum contratempo ou dificuldade na montagem mas que continua a ser pesada e mal-jeitosa de manobrar no chão, a voar é, pelo contrário, uma leveza: não requer força para iniciar a volta nem para picar, é muito estável, menos sensível à turbulência, tem um glide muito melhor que tanto melhora a taxa de subida em térmica como, na transição, nos permite ter como garantidas distâncias que numa flexível seriam apenas desejos de hipotética e temerária concretização.

Por outro lado tem a desvantagem de não poder ser deixada solta na térmica, como acontece com uma flexível quando a encaixamos bem no centro de uma boa ascendente e ela sobe sozinha, sem nenhuma intervenção do piloto. Na rígida, pelo contrário, o piloto tem de pilotar sempre, e a atitude da asa varia pouco de acordo com a sua posição na térmica, o que torna mais difícil a sua centragem e o seu melhor aproveitamento.

Voltando ao voo, estava nessa altura a Sul do novo aeródromo de Castelo Branco, apontado a Idanha-a-Nova e à sua barragem a NE. Fui descendo até ter de escolher um campo a Norte da vila, ao lado de uma pequena lagoa, onde cheguei com 1000m.

Mas aí havia uma térmica e a hipótese de aterragem em campos a sotavento, pelo que fui enrolando até 2600m, derivando até à vertical da barragem.

Fiz uma transição boa até Oeste de Penamacor e apontei às serras com eólicas que mostravam o vento Sul. Nesse local sobe-se para o planalto onde, a seguir à Guarda, subi a 3700m e apontei às primeiras nuvens que se viam a Norte.

Durante as duas horas seguintes andei sempre acima dos 2000m, com térmicas fáceis, tranquilas, por vezes até 4m/s mas pouco turbulentas, por vezes ajudado por grifos que ultrapassava facilmente a subir em térmica. Conhecia bem o terreno que sobrevoava, o glide da asa era soberbo, a altitude a que voava era confortável, o vento de costas soprava até 30km/h, as térmicas eram lisas e previsíveis, as transições rendiam bem, de vez em quando conseguia ouvir o Fuzo e a Vera no rádio... Já tinha comido mais de metade da minha ração de barras e de sumos concentrados que tinha amarrado com fita isoladora aos montantes e ia bebendo água esporadicamente.

Desfrutei. Do voo, claro. Da estabilidade e glide da asa, da sua facilidade de condução, da beleza da paisagem, dos pássaros que vinham à vez ou aos bandos fazer-me companhia nas térmicas e nas transições... Ao enrolar ia derivando o que, com o vento exibido nos computadores entre 15 e 30km/h, ia aumentando a contagem de quilómetros. As transições eram feitas exactamente na direcção do vento, a uma velocidade GPS de entre 80 e 90km/h. Maravilha ! Às tantas comecei a pensar que talvez conseguisse fazer mais um duzentão...

E consegui, por alturas da serra de Bornes, que atravessei mesmo a meio, 1000m acima das eólicas, depois das 19:00. Pensei que com aquela altitude e o vento a favor já conseguiria chegar ao Azibo para aterrar e esperar a recolha com um banhinho e duzentos e picos quilómetros no bolso mas no vale de Bornes apanhei mais uma, boa, que me levou até 3400m a 5km a Oeste da barragem. A essa hora já só havia nuvens a Oeste de mim, direitas a Norte e ao Parque de Montesinho, onde só via montes com encostas arborizadas e escuras, umas atrás da outras até perder de vista.

Logo a seguir, já quase em Bragança, fiz os 250km a 3300m. Foi nessa altura que pensei que podia bater o recorde do Paulo da semana anterior - mal me passou pela cabeça chegar aos 300, com o Sol já baixo, as nuvens desaparecidas, montes cobertos de floresta a perder de vista na rota ideal - mas tinha poucas opções porque na rota para Norte e sem nuvens não arriscaria deixar-me ir sem aterragens à vista. A única rota de escape era para 45º, NE; Bragança estava já ali à direita, convidativa, com aterragens, pelo que aceitei o desvio de rota apesar de saber o vento a 3/4, o que encurtaria o voo. No entanto também esta rota era limitada em extensão porque 30km a NE de Bragança começa uma densa e acidentada zona de floresta também sem aterragens.

Foi por aí que fui, para NE e para a última aterragem visível antes da floresta, onde ainda tive de perder alguma altura para aterrar às 20:11, bem, a 830m de altitude, numa seara ao lado de uma estrada 2km a Norte de Deilão, a última aldeia portuguesa no biquinho NE do país.

Telefonei à recolha, que estava a meia hora de distância (viva o Live da Flymaster !), e ao Paulo Frade ("está ? é o ex-recordista nacional ?...") a dar a boa notícia.

Comecei a desmontar e pouco antes de terminar apareceram a Vera, a guiar, e o Fuzo, que ajudaram com a tralha até nos pormos a andar.

Como já passava das 22:00 nem fomos comer a posta mirandesa que discuti com o PF. Apontámos a casa e chegámos às 02:30. Sem espinhas.

Tive vários ensinamentos. A primeira evidência: esta asa voa mais, é mais fácil, menos cansativa, mais rápida. É, por isso, lógico que seja considerada numa classe diferente dentro do voo livre em asa delta; não se pode comparar o voo de uma asa destas com o de uma flexível nem, obviamente, a facilidade com que podem fazer-se grandes voos...

A evidência seguinte: perdi tempo ao atrasar em quase uma hora a minha descolagem, considerando que às 13:30 já havia condições para subir e sair, como o Eduardo Lagoa cabalmente demonstrou,

Uma "evidência" discutível é o facto de não me ter deixado ir, em Bragança, com vento de Sul direito a Montesinho e a alguma hipotética aterragem 40 ou 50km a Norte de Bragança, eventualmente ajudado pelas últimas nuvens que ficaram no céu e que se estendiam nessa rota. Vou ter de estudar o mapa dessa região para investigar possíveis aterragens que me permitam, ao contrário do que aconteceu nos dois ou três grandes voos (>200km) em que aterrei depois de Bragança na orla da floresta que se estende para Norte a perder de vista, prosseguir tranquila e seguramente esta fase boa e rentável do voo que costuma ser o último glide com vento exactamente de cauda.

Já não preciso do Compeo. Pela primeira vez usei apenas os dois Flymaster Live SD mas ainda não estou contente: os equipamentos são fenomenais e muito exactos mas ainda não me preocupei o suficiente com a formatação das páginas, que não têm a informação que quero nem como a quero, o mapa é difícil de ler, a TAS não estava ligada aos GPésses... Erros meus. Mas tenho de pedir ao Cris e aos seus sócios que arrangem maneira de o equipamento poder ter duas polares, visto que agora voo duas asas com características de voo muito diferentes e há muitos pilotos de asa que voam parapente e vice-versa, pelo que seria interessante dispor dessa possibilidade.

Mas, principalmente, os 2000m de limite superior para o envio de dados faz com que o sinal se perca sempre que subimos acima desta altitude. Neste voo a minha recolha "perdeu-me" durante quase duas horas em que estive sempre acima dos 2000m. Não há maneira de juntar algo ao equipamento que veicule o sinal a qualquer altitude ? Para o piloto, ter um tracker no carro de recolha ajuda a... Tranquilizar, neste caso em que a recolha já estava perto.

Termino com os tradicionais obrigados, ao Fuzo e à Vera que aturaram 1400km e uma dúzia de horas de carro.

Registo iconográfico: filmei várias partes do voo com uma Gopro e, quando cheguei a casa, apaguei os filmes ao baralhar-me com a electrónica... Felizmente a Vera filmou a descolagem.

PortugalRicardo Marques da Costa @ 2017-10-15 18:01:18 GMT Linguagem Traduzir   
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