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Segundo dia da dupla jornada do Caramulo. Desta vez nem todos gozaram da liberdade no dia a ela dedicado já que o Andorinha ficou "engaiolado" pelo "patronato" e não nos pode fazer companhia, ao contrário do Amador que me estimulava a abandonar a opção Alvaiazere com promessas de recorde local no Caramulo. Mais convencido pelas previsões do que pelo canto da sereia do Amador, rumei ao local com a promessa de que se a aterragem fosse em algum lugar tipo Vila Real o deixaria em Campanhã com a asinha às costas, pois já levava comigo a bagagem do final de semana em Coimbra! A sereia, sozinha mas não abandonada, não se fez rogada pela promessa de regresso via CP, tal era a moral do bicho!
 
Já na descolagem pelo meio dia e, ao contrário da véspera, o NE moderado não abrandou com a aproximação da confluência, o que me deixou desconfiado visto que a previsão no tefi das 15h dava praticamente vento nulo.. A minha desconfiança ganhou base com  avançar do tempo que não era acompanhado pelo avançar da confuência quase estacionada a oeste da deco e já marcada por alguns cúmulos.
 
Desta vez foi o homem da casa a sair primeiro e a subir bem à esquerda da descolagem, fazendo-me apressar um pouco os gestos de preparação que se querem cautelosos na rampa do Caramulo. A tentativa de subir à esquerda da descolagem resultou numa ascenção abaixo dos 1300m, altitude que havia de ser, até abandonar a Serra do Caramulo, uma zona de "gargalo" onde a térmica se desorganizava tornando dificil passar acima de tal marca. Rapidamente percebemos que o dia iria ser mais duro que o anterior, sentindo-se a turbulência consequente da menor humidade a que não era alheia a persistência do vento NE seco que teimava em não abrandar, como seria de esperar com a aproximação da confluência.
A opção de rumar a sul nem sequer foi considerada, face à ausência de nuvens nesse quadrante.
 
Ao deixar-se derivar mais para sotavento na térmica, nas imediações da descolagem, o Amador rompe o tampão dos 1300 e aproveita as melhores condições a oeste da face leste da serra para avançar com segurança para norte. Como não tive a paciência necessária para fazer o mesmo, avancei pela face leste nas curtas transições que me deixavam os baixos tetos alcançados, mas o dia confirmava-se trabalhoso pois a contraderiva perto das encostas encontrava alguma turbulência, avançando-se devagar e sempre sugeito a descendentes de sotavento.
 
Felizmente para mim, a confluência avançava, ainda que lentamente, para leste e começaram a surgir os primeiros pequenos cúmulos sobre essas encostas que me ajudavam a localizar o melhor "lift". E assim, lá fui avançando a custo, motivado pelo Amador que um pouco mais à frente mas bastante mais alto estendia as pernas sobre a barra do acelerador. Chegado à zona final da cumeada a norte o panorama piorou com as eólicas a indicar vento Nne a ameaçar encostas demasiado fugadas para se ultrapassar à altitude daqueles aparelhos. Informei a recolha da posição e da forte possibilidade de aterragem face àquela dificuldade e avancei tentando "apalpar" alguma bomba de sotavento nas encostas, que se sobrepusesse ao teimoso NNE, e fui conseguindo avançar graças ao forte potencial térmico do local, despido de vegetação alta e abundante em pedra nua. Com a A25 à vista e ainda à altitude da cumeada avancei para o vale e para os pequenos cúmulos que pareciam marcar uma linha de saída da serra. Já sobre o vale, na zona de Queirã e S. Miguel do Mato, pude perceber que, finalmente, iria poder romper o tampão dos 1300 e "descansar" um pouco da luta ininterrupta contra a deriva que tinha tido até aí desde a descolagam. No entanto a folga foi curta pois logo me apercebi que mesmo junto dos melhores tetos da zona o incansável vento NE poucas vezes deixava avançar a mais de 30kmh com a barra a fundo! Estava visto que não era dia para grandes recordes.
         
Com os tetos a concederem mais alguma margem de trabalho e a actividade térmica um pouco mais consistente, avançámos para norte, comigo a explorar a zona de vales a leste da Freita e o Amador seguindo mais ou menos paralelo numa linha mais próxima do coração de confluência a oeste. Acabámos por chegar à zona de Castro Daire já bastante mais próximos um do outro ainda que eu nunca tivesse tido contacto visual com ele, e era chegada a hora de tomar decisões estratégicas face à proximidade do Douro que colocava um ponto final nos cúmulos que nos guiaram até àquele ponto. Nesta altura acabámos por cruzar os "tracks", o Amador apostado em seguir um rumo NE e eu derivando para NW aproveitando os elevadores de algums fantásticos cúmulos a sul do rio. Transposta a A24 para NW e chegado à zona de Magueija percebi que não seria fácil trepar a subida gradual de cota do planalto que bordeja as encostas do Douro, mas como não estava convencido do futuro prolongamento da confluência para ENE, como o Amador estava, prossegui vindo a subir por cima de uma vale abrigado entre Feirão e S. Martinho de Mouros e deixei-me carangejar pelo NE em altitude para noroeste, quando reparei que nas encostas sul do Douro os fumos e as eolicas das cumeadas marcavam uma orientação NNE que se prolongava até à zona de Ribadouro. Alí tinha inicio uma apetitosa confluência que se estendia ainda forte para NE, passando pelo Marão e continuando até ao Alvão. O ultimo objectivo do dia estava traçado, alcançar os primerios cúmulos da dita, por cima da zona de Ancede, isto contra o "projecto" do Amador que, via rádio, protestava veementemente contra a opção de não fugir da proximidade da brisa maritima e rumar a leste. Normalmente seria a opção que tomaria, como de resto em todos os voos que fiz para norte do Caramulo, mas a diferença nesses voos é que àquela hora já eu ia muito mais a NE e bastante mais longe do Douro, porque os sinais assim o aconselharam nessas ocasiões. Neste dia, acho que o NE condicionou mais a confluência, mantendo-a sempre mais perto da Freita, acabando por nos levar para a zona de Castro DÁire, o que nunca tinha acontecido comigo nos outros voos... Bom, nunca saberemos quem teria razão porque o Amador aterrou antes do Douro e eu, apesar de conseguir atingir o objectivo de chegar aos 1ºs cúmulos, já lá cheguei demasiado baixo para ficar na esfera de influência dos mesmos, acabando por aterrar também num belo pasto local de Gove, depois da travessia do Douro.
 
Entretanto, já a esposa do Amador se passeava num espaço comercial do Porto, pelo que a recolha foi mais tarde realizada em Ermesinde, naquilo que foi em bela dupla jornada a partir do Caramulo com 3 pilotos a realizarem mais de 300kms em 5 voos, nada mau para um local a 50kms do Atlântico! 
 
Em conclusão: voo trabalhoso e cansativo mas que não deixou de ser um belo hino à liberdade, por isso mesmo,
 
25 de Abril, SEMPRE!
 
PortugalDanielFolhas @ 2016-04-28 21:23:21 GMT Linguagem Traduzir   
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Até parece que estive lá!

 

Ah! Eu digo-te que é a sereia e o bicho! cheeky

PortugalRicardo Amador @ 2016-04-29 06:53:12 GMT Linguagem Traduzir   
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