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Granda voaça, mostraste quem manda! Gostei de ver o live tracking :)

PortugalNuno Santos @ 2015-06-30 14:24:20 GMT Linguagem Traduzir   
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Origado, Nuno, foi um bom voo, que teve uma das coisas que mais gozo me dão em voo livre e que já experimentei meia dúzia de vezes: descolar depois dos parapentistas e fazer a prova com eles, "de trás para a frente", indo atrás dos últimos e depois de gaggle em gaggle até apanhar e ultrapassar os primeiros e chegar ao golo antes deles.

PortugalRicardo Marques da Costa @ 2015-06-30 23:56:54 GMT Linguagem Traduzir   
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Dormimos em Castelo de Vide e na manhã de segunda-feira subimos à descolagem para ir ver os parapentes. Já ia com ela fisgada de que nesse dia não voaria para, entre outras razões, me poupar para o dia seguinte, terça-feira 29, que tinha uma previsão bombástica. As outras razões eram estar de barriguinha cheia dos 165km do dia anterior, estar pouco vento na descolagem e eu ser uma m... a descolar com pouco vento, e a previsão para esse dia não augurar nada de muito especial.

Depois de subirmos a cumprimentar o pessoal e de os vermos descolar todos para uma prova de 90km até Cáceres sob um calor abrasador, descemos da serra e fomos passar o dia a beber bujecas, a tomar banhos em lagoas e charcos - só eu, que o Lemauz é hiper-friorento - e a comer umas coisas, de entre as quais ponteou um prato dos gastrópodes que são uma das especialidades de CV, os bons dos caracóis e das caracoletas.

No dia seguinte a previsão tinha piorado um nadinha em relação às dos dias anteriores mas parecia que se propiciava um bom dia de voo. De tal modo que o Eduardo Lagoa, director da prova dos parapentes, estipulou a maior prova de sempre num campeonato em Portugal, 210km, com golo em Robledo Hermoso, uma aldeia 15km a Norte de Vitigudino, por sua vez a ONO de Salamanca.

Pensei, de acordo com as previsões, que a hora ideal de descolagem seriam as 13:00, antes dos trapos que no dia anterior tinham descolado às 13:30. Mas eles, prevendo um dia longo, anteciparam a descolagem para as 12:30 e sairam, como de costume, em meia dúzia de revoadas.

Afinal o vento na descolagem era pouco mais intenso que no dia anterior e estava de frente mas não tinha intensidade suficiente para permitir fazer ladeira.

Deixei os parapentes descolarem todos - quase ninguém merrecou - e, sempre atazanado pelo Lemauz sobre a necessidade, evidente, de fazer uma boa corrida, ensaiei uma com uns passos vigorosos. Saí do chão, "recolhi o trem", e fiquei a pairar, em perda e a descer, na direcção de um calhau mais saído no fim da descolagem, à direita. Tive tempo para imaginar a minha linda barra de carbono toda feita em pedaços e, apesar de ainda não ir propriamente com sustentação, empurrei qb para que esta passasse a menos de um palmo do referido calhau. Aumentei a atitude de perda mas piquei logo a seguir, o suficiente para recuperar alguma sustentação e repetir a dose do empurrar qb a barra para ultrapassar pela mesma margem mínima um segundo penedo num segundo degrau, exactamente como o primeiro...

Safei-me do(s) esbardalho(s) !...

Mas agora tinha de evitar merrecar.

Ainda mal refeito do duplo susto não subi nada logo na descolagem e fui para a direita, na direcção de um campo recentemente lavrado e com poucas árvores. Antes de chegar lá e já depois de descer 100m apanhei uma cacetada para cima, deixei a asa subir toda empandeirada e aproveitei para virar, em perda, todo inclinado. Caí mesmo no meio da térmica e, com pequenas correcções sugeridas pelas atitudes da asa, pelo variómetro e por 4 abutres que enrolavam à minha altura, fui subindo com facilidade, acompanhado por dois parapentistas que me seguiram. Demorei 15 minutos até aos 2300m, praticamente à vertical da descolagem, altura em que decidi ir para Norte, seguindo os molhos de parapentistas, alguns dos quais já conseguia ver ao longe.

Apanhei a segunda térmica logo a seguir, antes de Póvoa e Meadas, onde deixei os dois parapentes que sairam comigo, e continuei ao longo de um vale a Este de Montalvão onde havia um gaggle de uns dez parapentistas. Enrolei com os que estavam mais baixo, vendo os de cima iniciarem a transição. As térmicas não estavam grande coisa e a previsão parecia não se confirmar: o tecto baixo, as térmicas não muito francas, o vento fraco e variável...

Mal consegui subir aos 2000 e dirigi-me à zona onde o Ponsul e o Sever desaguam no Tejo, gargantas verdes, profundas e íngremes mas com aterragens logo a Norte do Tejo, onde cheguei com menos de 1000m.

Apanhei qualquer coisa mesmo na intersecção dos rios e fui derivando, devagar e a subir pouco, ao longo do vale do Ponsul, já com as aterragens alguns quilómetros a Norte debaixo de olho.

Aos 900m cheguei a uma encosta que já usei antes para encontrar a segunda térmica de um bom voo que tinha feito a partir do AECB. Lá estava qualquer coisa que fui trabalhando até acima dos 3000m. Continuei para Norte, por Este do aeródromo, na direcção de uma nuvem que se tinha formado também a Este da lagoa da Lardosa.

Cheguei à nuvem e entubei, a mais de 4000m, para depois sair num grande glide para Norte, em direcção a Belmonte. 20km depois, aos 2000 e já passada a Gardunha por Este, virei para NE na direcção do Sabugal, uma rota que me pareceu mais fácil, do ponto de vista das aterragens disponíveis, do que o caminho da A23.

Cheguei 5km a Norte do Sabugal a 1700m de altitude. O chão por aqui é muito mais alto que na planície sobre a qual voava antes, e as aterragens não são tão evidentes. Mas, bem escolhido o caminho e com uma térmica inicialmente fraca mas que foi encorpando e que tinha uma deriva decente, subi dos 1750 aos 4300 em mais de meia hora, derivando 15km.

Já tinha garantida a fronteira e disse-o ao Lemauz que de vez em quando me recebia no rádio. Fui vendo um ou outro parapente isolado, quase sempre mais baixos que eu.

Apanhei a última térmica mesmo por cima da fronteira, 30km a Norte de Vilar Formoso, e subi a 4400m, até que o variómetro me disse que precisava de um glide de 11 para chegar ao golo, a 40km.

Hesitei entre ir completar a prova dos parapentes e aterrar no golo ou apontar mais para a esquerda e para uns cúmulos muito altos que continuavam dali para NE.

Já vinha cansado. Eram quase seis e meia e talvez tivesse tempo para, com mais uma hora de voo, bater o meu próprio recorde nacional de distância de 253,5km. Mas provavelmente seria por pouco e dificilmente conseguiria fazer os almejados 300km. E as nuvens da frente pareciam virar mais para Este que para Norte, o que diminuiria o "rendimento" da distância que tivesse ainda de percorrer... Por outro lado a opção golo estava mesmo ali, à mão, estariam lá os parapentistas e a animação inerente à comemoração do maior golo de sempre em Portugal...

Apontei a Robledo Hermoso. Fiz bem em me fiar nas indicações da electrónica, que funcionaram na perfeição: vigiava o glide requerido no Compeo e o real no Flymaster. Felizmente a indicação do Flymaster era quase sempre bastante superior à do Compeo que foi, lenta mas regularmente, diminuindo à medida que eu me ia aproximando do golo, voando na tranquilidade do ar do fim da tarde. Não tinha pressa por não estar a competir com ninguém e ter a intenção de aterrar no golo. Por isso disfrutei do voo tranquilo e lindo e do gozo de estar prestes a completar um objectivo digno de registo.

Cheguei ao golo com 400m de altura e não vi ninguém aterrado, nem a recolha. Ao dar umas voltas para escolher o melhor terreno vi chegar um parapentista, mais ou menos à minha altura. Piquei para aterrar antes dele, alinhei-me e aterrei com um ventinho contra, de asa na mão, num campo ceifado, a subir ligeiramente. Agarrei na asa e transportei-a imediatamente para a sombra das árvores da borda do campo para facilitar a aterragem do parapentista.

Lá me libertei da asa, do capacete e do arnês para, ofegante de cansaço, cumprimentar o David Chaumet, que acabou por ser o único parapentista a chegar.

Uma hora depois chegou o Eduardo Lagoa e logo a seguir o Lemauz. Lá nos arrumános no carro com o David, fomos buscar o Ricardo Murilhas, que tinha feito o seu melhor voo de sempre e o primeiro de mais de 100km, à estação de serviço da BP da A25, deixámos o David em Belmonte onde jantámos, embarcámos mais dois parapentistas e voltámos para Castelo de Vide onde chegámos à 1:00 da manhã.

Hoje estava - ou parecia estar - vento demais, pelo que decidi não voar. Viemos embora de CV e, de acordo com a sugestão do Luís, fomos a Vila Velha de Ródão visitar o Vasco que nos levou a passear no Tejo de barco, a ver as portas de Ródão, e a almoçar no seu lindíssimo novo restaurante do cais. Obrigado, Vasco, hei-de voltar.

Um epílogo notável, de um fim-de-semana que rendeu dois voos também notáveis, um de 165km e outro de 210, este último o maior voo de asa delta em Portugal com golo declarado. Obrigado Luís, pela companhia, pelas recolhas e pelas críticas construtivas a que eu, infelizmente, nem sempre sou sensível.

PortugalRicardo Marques da Costa @ 2015-07-01 11:48:18 GMT Linguagem Traduzir   
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Belos voos, bela descrição, uma das melhores de sempre.

Parabéns  e obrigado. 

Pedro Fonseca

Guest: PedroFonseca @ 2015-07-01 10:12:56 GMT Linguagem Traduzir   
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Grande Recordista Mor :)

Muitos Parabéns!

Temos que combinar umas sessões de dunas, para recordares que consegues correr na descolagem :)

Abraço e Continua.

PortugalPaulo Frade @ 2015-07-02 07:28:06 GMT Linguagem Traduzir   
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