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Quando ainda de manhã parei na base da Fonte Coberta para espreitar as eólicas da Lousã, ainda escondidas por um teto baixo e cinzento, deparei-me com uma intensidade de vento já bastante razoável para aquela hora matinal, o que me deixou algo apreensivo relativamente às possibilidades do dia...
Rumei como planeado à dita vila e, como é hábito, a esperança foi subindo à medida em que entrei no microclima do vale onde não se sentia metade do vento da faixa litoral. As eólicas rodavam de forma a pensar que a  intensidade seria moderada áquela altitude e como o passar das horas não trazia nada de melhor, segundo as previsões, subi de imediato à descolagem mais baixa e de lá descolei sem problema. 
Uma vez no ar, subia-se sem esforço á frente das encostas, sendo a incidência solar e a elevada humidade aliados na tarefa de reduzir a turbulência. Aproveitando estas condições, decidi mudar a minha decisão de não abandonar o vale e tentar fazer a ida e volta que será, dentro de pouco tempo espero, um "clássico" da Lousã.
A ida foi fácil, talvez até demasiado, face à viragem do vento de NW para um NNW onde a nortada já ameaçava fazer valer a sua força e empurrando as derivas para SSE foi uma questão de escolher o melhor caminho do termodinâmico em função dos cúmulos que se formavam por cima do sopé da serra. 
Quase chegado à ponta ocidental do vale de Miranda e já póximo do "Bojador" que é a passagem para o vale do Espinhal na zona de Sandoeira, comecei a adivinhar que deveria ter acelerado na ida, o que habitualmente não faço se não tenho vento contra e mais importante deveria ter descolado mais cedo a fim de um regresso com menos intensidade de vento e ainda por cima em contraderiva!
Algo desconfiado pela velocidade da deriva, deixei-me deslizar até a essa habitual "baliza" de viragem, confiando que a altitude superior aos 800asl com que lá chegaria me iria proporcionar um turn back sem grandes sobresaltos. Engano, quando viro para NE fico praticamente parado e apesar dos tais 800m senti nitidamente que estava na esfera de influência do venturi que se sentia forte lá em baixo ao nivel do solo, o que não era grande noticia... Foi fácil perceber que era urgente sair dalí rapidamente na direcção da Lousã antes que a nortada se tornasse  intransponivel, pois a escassas centenas de metros, por cima de Giestal e Besteiros, formavam-se ainda os cumulos que marcavam a última esfera de influência de uma massa de ar que teimava ainda em resistir à entrada da nortada. Destrimar já não era suficiente e meio acelerador também não, logo fui obrigado a pisar a fundo o pedal para ir avançando lentamente.
Tendo em conta que estava no peso máximo da asa, voava nesta altura nos limites do que a máquina podia dar e foi nessa condição que a turbulência associada à primeira térmica que apanhei de frente me provocou o primeiro, e único diga-se, incidente do dia com um frontal seguido de assimétrico a 50% e auto-rotação desfeita após volta e meia. Para quem só tinha dormido cerca de 5 horas foi uma forma rápida de evitar o consumo de cafeina durante o resto do dia!
A barlavento de Giestal e analisando as condições, a alternativa era virar costas ao vento e seguir para o vale do Espinhal, o que evitei pelas experiências anteriores de aterragem com vento naquele local que nunca foram fáceis. Prossegui lentamente a meio acelerador mas colocado nesse momento abaixo dos 500m e com o relevo baixo que proporciona naquele local um planalto, ideal para a aceleração horizontal do vento, não estava certo de conseguir continuar e transpor a primeira grande transição daquela zona, que implica passar a aldeia de Tábuas e apanhar o apoio seguinte. Perto dos 450m ponderei a possibilidade de aterragem pois a dificuldade em prosseguir continuava e os terrenos, na zona de Besteiros, aptos para aterrar são alí pequenos e rodeados de obstáculos à aproximação. Já quase tomada essa decisão decidi uma última tentativa de subida aos 1ºs cumulos através de uma aproximação à encosta o que provou resultar pois a partir dai comecei a subir até conseguir uma altitude confortável para enfrentar a referida transição. 
Daí até ao vale da Lousã a técnica foi subir nas térmicas por debaixo das nuvens pois era a forma mais fácil de lidar com a contra-deriva musculada que o NNW proporcionava. Já no vale da Lousã pude comprovar que o vento era mais calmo pelo que ainda deu para esticar o track um pouco mais para NE. Voltei a esticar um pouco demais porque não aproveitei um periodo de sombra que cobriu a zona da aterragem durante um bom quarto de hora e tive após que aterrar já com sol aberto e o final da janela do dia que fazia levantar bastante turbulência do vale. Nada que um pouco de paciência e atenção à Platoon não resolvessem, mas que 15 minutos antes teria sido apenas 
uma aterragem com algum vento.
Em resumo, um voo que não estava à espera de fazer, mas que valeu pela experiência de ter regressado ao vale da Lousã num dia com algum vento, tendo verificado no ar a diferença por comparação das condições que podemos ter na zona circundante, designadamente para oeste.    
PortugalDanielFolhas @ 2015-02-24 22:38:03 GMT Linguagem Traduzir   
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