Finalmente cumpri o objectivo a que me propus de descolar à vista do Trevim e aterrar nas imediações da Torre passando pelo Açor, aproximando no mesmo voo os pontos mais altos da Serra da Lousã, Açor e Estrela. Como já tive ocasião de o dizer em outro comentário de um voo nesta zona, a dificuldade técnica de "surfar" estes 50kms de magnificas encostas não é transcendental e realmente o mais dificil acaba por ser a questão de sempre: estar no local certo à hora certa! O dia apresentou-se com nuvens e vento qb para fazer todo o percurso onde passei com cerca de 44% do tempo a enrolar termicas e o restante em termodinâmico. É certo que, após alguns voos nesta zona: Lousã --» Alvoco das Várzeas e Arganil  --» Alvoco da Serra, fiquei a conhecer os potenciais pontos altos e baixos do caminho feito a baixa altitude, o que foi uma preciosa ajuda para fazer um voo quase sempre tranquilo. 

Estes 51kms são agora o melhor registo de distância a partir da Lousã. À luz dos grandes voos ultimamente realizados através das planicies portuguesas e espanholas, este é apenas um pequeno voo de xc mas (e desculpem a imodéstia da afirmação) desenganem-se aqueles que julgam que este é um voo banal, pois são 50kms de paisagens de cortar a respiração em pleno coração da maior zona de montanha portuguesa. Pela exiguidade de espaços de aterragem nos vales nunca será um clássico, tipo Kobarid«--»Tolmin ou coisa parecida, mas pela orografia do terreno é sem dúvida o mais parecido que temos com esse tipo de voo alpino.

Não foi o voo mais longo, nem o mais rápido, nem sequer o voo do 1º a chegar porque ia apenas acompanhado pelos Milhafres ou Açores que vi de quando em quando, foi tão só o regresso às origens do para-pente, o voo de montanha puro, o meu preferido pelo fascinio que as montanhas sempre exerceram sobre mim desde criança.

Os meus agradecimentos ao R. Amador (e familia) e ao Tó Zé pela recolha.