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Entrada a comentar um voo que não é meu, ainda por cima à "Carlinhos style": isto é tudo uma m..., cada vez voo menos e muitas vezes saio para voar não voo nada mas chego a casa todo contente de ver a malta a voar. Tou a ficar velho.

 

19 de Junho de 2013. Mail do Blay snr, amigo voador de há mais de 30 anos.

"Hola Ricardo como va el campeonato?

Por aqui el tiempo esta muy revuelto pero salen algunos dias buenos,

El domingo el niño hizo un vuelo bueno desde Pedro Bernardo hasta Haro, total 321kms; que curioso ya que hace 20 años yo vole 321kms desde Piedrahita.

Para primeros de Julio queremos ir el niño y yo a Porto de Espada para intentar los 400.

Ya te llamare.

Cuentame como os va

Un abrazo

Blaysnr"

 

26 de Junho. Mail meu ao Blay snr.

"Amigos,

Nuestro campeonato fué bien y los españoles que venieran eran muy buenos: Dani - quedó el primero del Open -, Eneko - tercero -, Tximo, Jesus Rubio… Yo quedé en segundo del nacional pero volé muy mal.

En cuanto al intento de hacer los 400km, propongo que vengan a Gardunha.

En Porto da Espada el desnivel és de poco mas de 200m, el camino es malo para coches normales y solo se vuela com vientos de Sur ó Suroeste.

En Gardunha el desnivel és de 600m, el camino está de pm para qualquier coche y se pude despegar con vientos del NE al ONO. Y ahí, en Gardunha, podria intentar encontraros alojamiento gratuito. Y después de la siera, que se passa com 500m por ariba del despegue, son solo grandes campos donde se puede aterizar…Hasta después de Toledo…

Diganme algo.

Abrazo,

Ricardo."

 

Tratei de informar o Dr. Miguel Gavinhos, vice-Presidente da Câmara Municipal do Fundão (CMF), da possível vinda dos meus amigos - nessa altura ainda estava apalavrado o Alberto McGyver, que acabou por não vir - e ele mostrou-se imediatamente disponível para os acolher, por minha sugestão, na Escola Profissional do Fundão (EPF).

Depois da segunda-feira a trabalhar libertei o resto da semana de compromissos - tarefa fácil nesta altura... - e fui ter ao Fundão na Terça-feira dia 9 de Julho de manhã. Os Blay pai e filho já lá estavam desde a tarde do dia anterior e apesar da boa condição com que depararam não tinham voado. Gabavam, sim, o bacalhau do restaurante Hermínia e a simpatia do pessoal da EPF onde tinham pernoitado.

A previsão para esse dia não era grande espiga ou, voltando à riqueza de expressão do Carlinhos, era uma m...: dia a começar tarde, cirros a virem de Oeste, tecto mais baixo que nos dias anteriores, sem vento e sem direcção definida, talvez um pouco mais de Oeste ou SO...

Arranjámos um condutor, o Christophe, um jovem simpático e calado, e fomos para a descolagem munidos dos nossos lanches, courtesy of EPF.

Lá em cima o vento fazía-se sentir pouco mas sempre da esquerda e até ligeiramente de trás, quase SO. Havia uma névoa que dificultava a visão para além dos 10-15km.

Os Blay tinham estado na zona da torre de vigia de incêndios no dia anterior e disseram ter visto umas pedras viradas a Oeste de onde pensavam ser possível descolar. Lá fomos, de jipe, até 200m a Sul da descolagem oficial, a uma face pouco inclinada e virada a Oeste onde os meus amigos se propuseram descolar correndo sobre umas lajes de pedra, para uma linha de água completamente arborizada que seguia para Oeste, sem aterragens de emergência possíveis à vista. Percebi a proposta e desisti, eu, imediatamente da ideia de voar dali.

Resolvi emprestar o meu Flymaster Live ao júnior para poder segui-lo no computador durante a recolha. Montaram as asas sem delongas ou anhanços, prepararam-se com a condição fraquinha e sempre de Oeste e minutos antes das 12:00 horas (nossas, portuguesas), o filho primeiro e o pai a seguir, lá correram pela laje fora o suficiente para ficarem a voar.

O júnior foi logo para a direita e lá ficou num zerinho, a subir devagar. Assim que se viu 200m acima do monte mandou-se para trás e deixámos de o ver. O pai foi para a esquerda e andou a fazer ladeira nas pedras mais altras da face Oeste do monte até ir, ele também, para cima do Fundão onde foi apanhando zerinhos e derivando pouco para Este.

Liguei o livetrack da Flymaster no computador, aproveitei para mandar uma mensagem para alertar o Timba Calhau de que ia haver um voo do Blay ao vivo e fiquei em cima do monte a ver a evolução do niño, nessa altura muito baixo depois de Alpedrinha, a 600m de altitude. Lá ficou a zerar e a derivar quase nada até que finalmente conseguiu ir aos 1600 e começou a andar. Sempre baixo - muito baixo, nas primeiras 2 horas e meia andou sempre abaixo dos 1600m e esteve mesmo para aterrar, 80m acima do chão depois de Penha Garcia - e com pouca deriva, fez menos de 140km nas primeiras 4 horas, o que não augurava nenhum voo especial.

Entretanto o pai Blay comunicou por rádio que tinha aterrado meia dúzia de km depois da descolagem. O Christophe e eu fomos buscá-lo, sob um calor nessa altura insuportável, e lá fomos seguindo no computador o voo do filho Blay, que cada vez mais consistentemente encontrava ascendência, guiando o jipe na direcção de Plasencia, para onde nos parecia que o júnior voava.

A Sul de Plasencia começava uma linha de nuvens que se dirigia para ESE e que o Blay seguiu, sempre por cima de uma zona montanhosa e manhosa de aterragens onde chegou a estar abaixo de 1000m mas onde, disse depois, a coisa estava a ir muito bem, com grandes troços picado sem descer. E "picado" normalmente a mais de 90Km/h (GPS), muitas vezes bem acima de 100Km/h.

Entretanto, aos 214km, o sinal do live "ficou-se" e não disse mais senão contar o tempo desde o último "fix". Partimos do princípio que iria continuar a dirigir-se para Ciudad Real e lá continuámos a perseguição de jipe, não sem um mergulhozaço em pleno Tejo para retemperar.

Às tantas o pai Blay resolve telefonar ao filho, que já lhe tinha mandado a fotografia do pueblo por onde estava a passar. "Si, padre ? Estoy aqui cerca de una tormenta, subindo a 7m/s..."

Já escurecia e a Este havia uma tempestade com cúmulo-nimbus que já víamos desde há 100km e onde se sucediam os relâmpagos. Finalmente telefona o filho, que já tinha aterrado, que ia mandar as coordenadas e que estava em Viso del Marqués, perto de Almuradiel.

Fomos ao local das coordenadas transmitidas e não estava lá ninguém. O Júnior tinha ficado sem bateria no telemóvel e foi muito complicado conseguir, depois de umas cañas valentes no hostal de Almuradiel a fazer tempo, saber onde ele estava e o pai ir lá buscá-lo.

Quando chegou foi a celebração do costume, dormida no hostal e partida para o Fundão logo de manhã, onde chegámos às 17:00 h (nossas). Durante a viagem fomos pondo o voo on-line e constatámos que era o maior voo de asa delta flexível com descolagem a pé registado na Europa desde sempre - 372 km - e que, apesar das limitações evidentes quanto à oficialização por parte da FAI de um tal recorde, era assim que o íamos descrever. Combinámos também com o Dr. Miguel Gavinhos uma conferência de imprensa para a manhã do dia seguinte e acabámos a tarde, depois de um banho longo e retemperador na Lagoa da Lardosa, a jantar na Piscina.

Hoje na conferência de imprensa o Dr. Miguel Gavinhos felicitou os intervenientes no estabelecimento desta marca e prometeu manter o apoio ao desenvolvimento da asa delta no Fundão. O pai Blay elogiou a qualidade do local para propiciar voos de distância e o filho descreveu o seu voo, lamentando o facto de a tempestade o ter obrigado a aterrar antes da almejada distância de 400km que, disse também, parece perfeitamente alcançável a partir da Serra da Gardunha. Entretanto, desde a noite de Terça-feira que chovem nos telefones dos Blays telefonemas e mensagens de amigos voadores de todo o Mundo, nomeadamente de um dos actuais recordistas do Mundo de distância, o australiano Jonny Durand, que querem vir repetir o feito e estão interessados em saber mais sobre os voos a partir da Gardunha.

Foi bom o Blay Jnr ter feito este voo que provou ao Mundo do Voo Livre que na Europa, mais exactamente em Portugal, no Fundão, há uma Serra da Gardunha que se propõe ser um centro de referência para o voo de distância em asa delta.

Renovados agradecimentos aos meus amigos Blay, voadores de mão cheia sem quem a projecção do Fundão para o centro do Mundo do Voo Livre não seria tão rápida; à CMF em geral e ao Dr. Miguel Gavinhos em particular pelo apoio incondicional; aos novos amigos do Fundão pela simpatia, disponibilidade e hospitalidade.

E, last but not least, à Ani por ter iniciado o processo.

 

Nas fotografias,

Verificando a descolagem;

Blay jnr antes da descolagem;

Descolando a correr para o maior voo de sempre na Europa;

Blay snr a descolar, seguido por uma borboleta;

Seguimento do voo do Blay jnr no Live;

No lago;

A equipa de recolha e o piloto;

O novo recordista europeu de distância defronte da CMF;

A revisão do voo no XC Skies.

 

 

 

EspanhaBlay Jr Olmos Quesada @ 2013-07-12 17:53:30 GMT Linguagem Traduzir   
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