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O dia começou de forma interessante, durante as 2 horas que nos levavam até Cbranco uma boa conversa com o Ricardo Costa sobre a meteorologia, previsões e constatações em tempo real, . Esta conversa foi extremamente importante, pelo menos para mim, porque me preparou para o voo que acabou por acontecer, como disse o Ricardo Louro no almoço de 2ª feira, de uma forma muito natural. E isso é francamente verdade.
Após 3 traccionados, em que no 1º desliguei os 2 cabos a 30 mts do chão, fui para o 4º que me levou até ao tecto. Tal como tinhamos combinado não sairíamos sem esperar uns pelos outros. Foi o que fiz, esperei até que me apercebi que o RCosta estava baixo, e nos entretantos deixei de o ver, foi aí que pensei que ele tinha aterrado. Estava a 6 Kms do Aeródromo no tecto e resolvi voltar para ver o que se passava, eis que verifico que o RC estava bem alto e a preparar-se para sair. Voltei para a nuvém de serviço enrolei até ao tecto e fui ter com o RCosta que já se encontava uns 10 Km à minha frente.
Embora o tecto não estivesse muito alto - 2050 ASL havia térmica com fartura. Fui andando e a determinada altura deixei de ver o Ricardo e nunca mais o voltei a ver no ar.
 
O Voo não tem história, térmica q.b. embora não se conseguisse enrolar de forma muito rápida, e por isso fiz  o voo entre o 1500 e os 2000 m ASL.
Após sensivelmente 35 Km de voo o meu vário começou a ter Parkinson, perdia a memória, deixava de dar leitura do altímetro e do vário, ficava bloqueado em tom de descendente independentemente de estar a subir ou a descer. Esta situação foi se tornando cada vez mais frequente, o que me levou a prepara a aterragem ao fim de 75 Kms. Quando já estava tudo estudado, campo, aproximação, eis que choco com mais uma térmica que, mesmo com o vário a informar que eu estava a descer eu percebi que era mesmo mesmo mentira. Foi por aqui que me lembrei de enrolar com a informação do GPS(o Gps não teve problemas, apenas não tinha memória disponivel e por isso apagou a 1º parte do voo....).
Fui voando e vendo, de objectivo em objectivo e de aterragem em aterragem, sendo que enrolar com GPS não é muito confortável, especialmente quando temos que atravessar algumas zonas com menos aterragens. Estas zonas não são más, mas uma coisa é ir a enrolar com o vário e ter a certeza que estou centradinho no melhor que a térmica tem para dar, outra coisa é ir subindo a maior parte das vezes, mas nas outras também não.
Esta parte do voo foi mais exigente, mais cansativa e naturalmente mais lenta.
Já tinha feito um voaço - 113 Km, era o meu Record, estava cansado e com um bom local para aterrar e nem pensei muito mais, apenas disse de mim para mim - "Por este andar o Ricardão vai fazer uns 200 Km, sem pestanejar". Aterrei em Serradilla ( Cacéres), num campo onde, conforme testemunhos locais , já aterraram outras deltas.
 
E aqui começa a outra parte da história, assim que aterrei apareceram a rapaziada lá da aldeia, a pé e de moto.
 
Curiosos com é normal, e donde vens? e porque aterraste aqui? e ainda vais descolar? e tal....
Eu disse que estava cansado, com sede e com fome, e o rapaz da moto disponibilizou-se para ir buscar àgua. Nem 5 minutos passaram e já lá estava com àgua fresca, fruta e galletas (das outras, as normais), um espectáculo.
Fechei a asa e eles sempre por ali, a tirar fotos e a falar. Um deles ofereceu uma cochonera(garagem) para guardar a Asa. Eu disse que não era necessário, que a asa era pesada e que provavelmente ainda era longe, ao que ele respondeu que não que era perto que levávamos a asa e ficava bem guardada e se eu quizesse descançar também podia. Assim fizémos, a garagem ainda era no final das contas a 1,5 km. Um deles levou o ârnes, eu peguei numa ponta da asa e o chefe do grupo na outra ponta, e pensei - "Fónix estou todo podre e ainda vou acartar com a asa, mas vamos lá então" - pés ao caminho, passo largo que a vontade de gastar os 2,5€ que tinha na carteira em cerveja era significativa. Ao fim de 5-10 minutos o puto grita lá da outar ponta da asa - "Pepe, Pepe, hombre coño, um momento, que não aguento, vamos lá descansar um pouco", entretanto chegaram mais uns elementos do grupo e o puto chefe virou-se para 2 deles e disse, pá peguem na asa, um em cada ponta é para levar para a minha garagem, e fui o resto do caminho na conversa com o chefe, e claro está tive que o convidar para partilhar os meus 2,5€ em cervejas. Fomos para o bar do Pueblo, esperar pela recolha do L.Émaus, um verdadeiro luxo.... para além disto, com os telefonemas que fui fazendo e atendendo fiquei sem bateria para dar mais indicações ao Cápitan L.E.mas, claro está que ele foi ter ao bar direitinho e ainda me emprestou 10 € para pagar a despesa - OBRIGADÃO LUIS.
 
Claro está que quero agradecer a todos os elementos da Sobrevoar que permitiram que este voo acontecesse desta forma tão natural, ao Luisão pela recolha de luxo, e também ao Ricardo pela conversa e pela companhia não presencial, mas desafiadora - eu sabia que ele ia algures um pouco mais à frente.
 
Espero que a Sobrevoar tire o merecido proveito publicitário dos acontecimentos do passado Domingo, afinal de contas é o Record de distância em voo livre feito a partir de Portugal.... Castelo Branco está no mapa....

PortugalPedro Sampaio @ 2009-05-18 19:03:45 GMT Linguagem Traduzir   
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